segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

22 - Barões da Freguesia - Belmiro da Silveira Lins, Barão de Escada.


BELMIRO DA SILVEIRA LINS
Belmiro da Silveira Lins nasceu em 1827 na freguesia da Escada. Era filho de Henrique Marques Lins e de Antônia Francisca Veloso da Silveira, os primeiros barões e viscondes de Utinga. Veio de uma família de 14 filhos. Eram seus irmãos: Cordolina Marques Lins (casada com Francisco Mamede de Almeida), Henrique Marques Lins, Benemérita Marques Lins, Pânfila Marques Lina (casada com Antônio Marques de Holanda Cavalcanti), Rogaciano Marques Lins, Macionilo da Silveira Lins (casado com Carolina de Caldas Lins), Teudelina da Silveira Lins, Teudelina da Silveira Lins (2ª) (casada com Francisco Caldas Lins, barão de Araçagy), Florismundo Marques Lins (falecido pequeno), Florismundo Marques Lins (2º) “2º barão de Utinga” (casado com sua prima Teudelina de Barros e Silva e depois com Ana Wanderley Lins), Antônia Marques Lins (casada com Dr. Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti) e Henriqueta da Silveira Lins (casada com Manoel Cavalcanti de Albuquerque).
Belmiro da Silveira foi eleito vereador da vila da Escada na eleição de 1860. Foi um dos sócios fundadores da Sociedade Auxiliadora da Agricultura de Pernambuco em 1872. Era tenente-coronel da guarda nacional, proprietário dos engenhos Conceição, Limoeiro e outros. Pertencia ao partido conservador e era uma dos líderes na freguesia da Escada. Foi o primeiro e único barão de Escada, título concedido por decreto imperial do dia 9 de setembro de 1874. O título fazia referência à cidade pernambucana de Escada, de onde sua família paterna era natural.
Casou-se com Maria de Sousa e teve duas filhas. Maria Lins Cavalcanti (casada com Henrique Marques de Holanda Cavalcanti, barão de Suassuna) e Antônia Lins Cavalcanti (casada com Antônio Lins Correia de Araújo).
No dia 27 de junho, partiu o Dr. Ambrósio Machado do engenho Arandu de Baixo com os seus eleitores, disposto a realizar uma passeata na cidade da Vitória, juntamente com outros grupos de oposição que para lá deviam convergir de vários pontos do município. Acompanhavam-no os seus cunhados Henrique Marques Lins, Marcionilo da Silveira Lins, o capitão Florismundo da Silveira Lins e Belmiro da Silveira Lins, Barão da Escada, solidários em tudo e dispostos a defendê-lo em qualquer emergência.
No engenho Pedreiras, incorporaram-se à comitiva o major Manoel Cavalcanti de Albuquerque Sá, chefe do Partido Conservador e João de Sá Cavalcanti Lins, com os seus amigos. Grande parte dos caravaneiros vinha a cavalo, portanto flores e ramos de cróton verde-amarelo, cores nacionais, cornetas e duas bandeiras imperiais.
Na entrada da cidade, no subúrbio de Jenipapo, esperavam a comitiva os amigos e correligionários residentes na cidade, com Banda de Música, tendo à frente o coronel José Cavalcanti de Azevedo Ferraz, eminente prócer do partido conservador. Ás 16 horas a comitiva seguiu em direção ao Pátio da Matriz, entrando pela travessa situada no oitão direito desta, vulgarmente conhecida como o Beco do Rosário.
A posição exata dos liberais “Leões” e de suas forças era a seguinte: Na calçada da Igreja do Rosário, à porta central do templo, se encontravam o Dr. Nicolau Rodrigues da Cunha Lima e o Capitão Ursulino Torreão, com alguns soldados; nas varandas internas da nave central e nas varandas e janelas externas, praças entrincheirados, defronte e ao lado esquerdo da igreja, três linhas de paisanos armados, sob as ordens de chefes políticos governistas. Ao defrontarem o templo, “vivas” foram erguidos pelos caravaneiros, postando-se os cavaleiros na praça enquanto o grosso dos peões ia chegando.
Dr. Ambrósio desce do cavalo e dirige-se ao delegado Torreão, reclamando o procedimento ilegal, ao mesmo tempo em que o barão da Escada, montado, discutia com o Dr. Nicolau Rodrigues. Ouvem-se dois disparos e cai o barão fulminado, abaixo do seu cavalo. O Dr. Ambrósio é atingido por dois tiros e, nas costas, uma punhalada, sendo retirado do local, nos braços de amigos. Vem a reação desesperada da multidão procurando apoderar-se da igreja, mas sendo objeto da fuzilaria despejada das seteiras abertas no templo. Generaliza-se a peleja, desvantajosa para os oposicionistas que, acotovelados diante do templo, eram alvejados de cima e pelos flancos, mas não corriam da luta, conseguindo, afinal, depois de séria luta, entrar no templo.
Sendo elevado o número de mortos e feridos e correndo a notícia de que outros contingentes da oposição se dirigiam para a praça, já ao anoitecer foram os combatentes governistas abandonando suas posições e buscando, na fuga, a impunidade de seu crime e a segurança da própria vida.
Cessado o tiroteio, dezesseis cadáveres jaziam dentro da Matriz e em suas cercanias e dezenas de feridos eram socorridos. Entre os mortos contavam-se o Barão da Escada, os irmãos José e Pedro Leito dos Santos, José Pedro de Oliveira, Pedro Cavalcanti de Albuquerque Sá (conhecido por Pedro Lins, irmão do Major Lins), Alexandre Rodrigues de Luna, todos estas figuras de evidência nas hostes oposicionistas. Não morreu, nem saiu gravemente ferida uma só pessoa de destaque da ala dos liberais governistas.
O Dr. Nicolau refugiou-se nos fundos de uma casa vizinha ao templo, donde, altas horas da noite, conseguiu sair e, trocando o nome, fugiu para a província das Minas Gerais, onde viveu, disfarçado, até a prescrição do crime.
O tenente Cristóvão Álvares dos Prazeres escondeu-se na casa do Dr. José Felipe de Souza Leão, presidente do Tribunal, no Recife, mas, tendo saído para receber curativo em ferimento, foi preso numa farmácia e recolhido à Casa de Detenção, donde conseguiu fugir.
No dia 28 de junho, assumia o governo da província Dr. Franklin Távora, o novo presidente, que já havia sido nomeado antes dos acontecimentos. Tremenda foi a revolta, dentro e fora da província, não só dos políticos oposicionistas, como do próprio povo.
Instaurado o processo, foram pronunciados o Dr. Nicolau Rodrigues da Cunha Lima; os tenentes-coronéis, Francisco José Álvares e Lídio Álvares dos Prazeres; os tenentes José Francisco Pedrozo de Carvalho, Izidoro Lourenço Bezerra e Cristóvão Álvares dos Prazeres, os capitães Joaquim Francisco Wanderley, Ursulino da Cunha Torreão e Antônio de Paula Cavalcanti de Almeida; e Capitulino Gomes Ferreira, José Olavo Wanderley, Manoel Mendes, Antônio Severino das Mercês, José Pereira, Rosendo José da Silva Rosas, José Tavares de Lima, Francisco Olho Azul, Antônio de Mendonça Cabral, Antônio Severino das Mercês Protto, todos como incursos nas sanções dos artigos 192 e 205 do código penal; e ainda Ildefonso Álvares dos Prazeres e Amaro da Costa Soares.
Dos que foram submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri, em datas diferentes, apenas o Cabo Amaro da Costa Soares foi condenado a galés perpétuas. Os demais foram absolvidos, tendo havido apelações, que não tiveram provimento.
E esse trágico acontecimento foi chamado de hecatombe da Vitória, ocorrida a 27 de junho de 1880, na igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, então servindo de Matriz da freguesia de Santo Antão da Vitória (a matriz atual achava-se em construção). As imagens atingidas pela mortandade estão em exposição permanente, no museu do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória. 
O corpo do barão foi trazido para o Recife, sendo velado na matriz da Boa Vista e, de lá, conduzido ao cemitério de Santo Amaro, pelas principais ruas da cidade por uma grande multidão.



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